terça-feira, 26 de outubro de 2010

Imagens, sons, diálogos e uma Diretora em êxtase

Verdade seja dita, esse êxtase, até que é bom , e não é o comprimidinho azul que rola nas raves.
Esse êxtase é fruto de anos de uma ideia que que toma forma.
Esse êxtase vem do trabalho de um monte de abnegados que tambem compraram o êxtase alheio e se enchem de paixão pelo amor novo, pelo sonho do curso, pelo prazer enebriante de fazer filmes, em que depois da dor, do cansaço, do esforço, ao terminarmos, sempre ouvimos um dizer : - E agora , vamos filmar o que ?
Eu mesmo já disse isso lá no distante segundo período, ao fim de um set, e hoje, elevada ao status de folclore na UNA, sempre tem um que repete a frase louca.
Esse êxtase que moveu Meliés que trouxemos pra perto de nós com as trucagens, o êxtase da beleza das luzes teatrais se mesclando com a sétima arte, o êxtase do som bem gravado e do CORTA, VALEU!!! , que tem hora que quase vira um orgasmo.
Essa louca paixão que nos move, exulta a diretora, motiva a arte, atiça a produção, exige do fotógrafo, grava em fita, acende o video assiste, queima o fresnell e encanta quem assiste.
O êxtase da criação que deponta do pequeno LCD, que testemunha um Zé novinho que nasce na frente de uma lente insípida e ignorante, presa a uma maravilhosa maquininha preta que tem uma alça, botoesinhos, e é produzida aos milhares, insensível, burra, e alheia do tamanho das maravilhas que é capaz de produzir e proporcionar a um monte de gente que respira uma arte que inebria, move, exulta, que atiça, que exige, que encanta até nos levar ao extase, ou o "arrebatamento do espirito" segundo o dicionário.
Se os jornais se esquecem de noticiar o mais importante que é a vida, aqui é de nossas vidas que sai o mais importante.

domingo, 24 de outubro de 2010

satisfação!

Acordo satisfeita de saber que o zé tá nascendo, e nascendo mui belo!

Os atores estão fazendo bonito,com garra e coragem! tá todo o mundo ali de olho,de olho!
observando a criação,as criações, imagéticas,estéticas e sonoras! há poesia no filme DA SILVA!

há carinho,dedicação,protesto,insatisfação,um "chute no balde"! ora BOLAs! sua midiazinha sensacionalista de merda,vampiros !

Estamos ai fazendo a história na caixa preta com lindos refletores. Tudin preto,branco e vermelho.
TÔ CURTINDO a maquiagem,figurino, O cenário tá lindo! FLUTUA-SE NO FUNDO PRETO!
BELA regência ,a câmera passeia,cria,identifica-se! e LEILA tendo contrações e suspiros! ahhhhh!

TÁ NASCENDO! SARAVÁ!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010





"A pele ardendo, os dentes caindo, o sol rachando os lábios secos, e o homem cansado, traído, afastado, botado de lado com a roupa usada, encardida, furada, desfazendo a costura..."

(F. Trummer)


sábado, 16 de outubro de 2010

“Os jornais noticiam tudo, tudo, menos uma coisa de que ninguém se lembra; a vida!”

Último ensaio! Caindo na real...

Percebi que o filme que eu pretendia que fosse lúdico passou a ser quase um programa jornalístico, apesar de absurdo. Isso acontece porque os personagens têm com a câmera (além da relação de atuação) uma relação para com ela. Explico: A câmera se tornou um novo elemento. Descobrimos que ela faz parte dessa história e que além de suporte técnico, ela se torna cúmplice dos personagens, que aos poucos vão nos mostrando sua relação (seu desenvolvimento) diante dela, uma proximidade teatral. Isto acontecendo, o que temos como produto são cenas com textos dirigidos diretamente para a câmera (ou para o câmera), para o espectador como cúmplice, para o espectador como imprensa, como consumidor, para o espectador que se encontra do outro lado da "quarta parede" (a tela, no caso).

Visto que não se trata mais de uma história lúdica, como pretendia, o que posso prever como resultado da linguagem das cenas internas são os elementos de trucagens que buscarão o absurdo das situações propostas por cenas, na não-linearidade narrativa e no traço arquetípico dos personagens. Vi no ensaio de hoje um espetáculo (um filme!) cru, que imaginava-se (inconscientemente) colorido, mas que o roteiro já o predestinava como preto, branco e vermelho. Sem muito tempo para firulas ou trombetas, o que as cenas que se passam no palco pretendem, mais do que nunca, é fazer daquele zé ninguém uma notícia; direta e imparcial. Isso significou que caí na real.

Zé da Silva morreu e não foi pro céu. Antes ele precisa virar notícia. A imparcialidade dos repórteres (por mais que já tenham uma personalidade), será o diferencial nas atuações. Zé, por sua vez, trará no instante após sua morte, sua trajetória envolvida por sentimentos ainda vivos dentro dele, como o amor por sua mulher, Maria; o prazer em encontrar seus amigos; o desejo pela prostituta do Beco da Rua Bom Despacho, o gosto pelo cafezinho e pela cachaça, a busca por sua fé.

Atores bem encontrados em seus personagens; muita coisa se perde, muita se constrói, se improvisa. A essência de cada personagem já exala nos ensaios. Agora é firmar a idéia, contribuir com seu entendimento, vivenciar este contexto “fantástico” para que se faça bom aproveito da mensagem que Zé da Silva tem a dizer:

“Os jornais noticiam tudo, tudo, menos uma coisa de que ninguém se lembra; a vida!”

(Rubem Alves)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

"Tá lá um corpo estendido no chão..."

Story-board da animação que constará no filme.
Samira Daher!!!


Novos Rumos - Reta Final!

Novos Rumos: Depois de três semanas ensaiando sem um protagonista, apresento o novo ator que fará o Zé da Silva: Cláudio Márcio, o Claudinho. Depois de muita tentativa em trabalhar com o Toninho, tivemos que agradecer sua disponibilidade (pouca) para o trabalho e correr em busca de um novo ator. Tentamos também com Glicério Rosário, outro ator que admiro e que teria o perfil do nosso herói. Porém, suas datas de trabalho também coincidiram com nossas filmagens.

Nesses primeiros ensaios, Eu cumpri com a atuação de Zé, ou melhor, com sua mice-in-scene e com seu texto, para, pelo menos, ajudar os outros dois atores e adiantar o processo de marcação das cenas e definição de melhores enquadramentos. Mas ficou impossível dirigir e atuar ao mesmo tempo; e não dá havia mais tempo de ensaiar sem o personagem principal. Então, pedi a toda equipe que firmasse bons fluídos pra gente conseguir nosso protagonista, e rápido. Foi quando convidei para o trabalho o Claudinho, que desde o primeiro momento (da saída do ator original, Glauco Mattos) vinha à minha mente como um sinal de que seria ele o nosso Zé da Silva. Dito e feito: com o convite aceito, já nos encontramos no Cine Horto para os ensaios; eu, Poly, Claudinho e Euber. Neste dia, estavam presentes Nanda Figueiredo (direção de arte) e Xandão, seu namorado e parceiro.

Cheguei atrasada, uma pena, porque os atores já estavam se jogando no exercício de respiração em busca dos personagens e de situações comuns a eles. Vale!

Propus duas leituras do roteiro, que agora está mais resumido, menos “viajado”, chegando ao seu 13º tratamento. A metalinguagem está sendo assumida com mais clareza e menos devaneios. Por exemplo, há uma mudança importantíssima: “no hay banda!” Literalmente, não haverá mais a “estranha banda de anjos do purgatório” com os climas de David Linch. E nem a invasão de músicos nas cenas, como acontece nos filmes de Kusturica. Para isso ficar bom mesmo, precisamos de tempo e muito ensaio. Chora coração; a banda “subiu pro telhado”. Nelma e Sávio (meus coordenadores), agradeçam a Fabiano Leite por isso, amigo e montador deste filme. Ele me alertou para o fato de termos pouco tempo para montagem, linguagem pouco desenvolvida para a entrada da banda no contexto e muito material para editar no prazo que temos. Optar pelo simples e usar o que temos; com a música do Eddie (“Eu to cansado dessa merda”) e de Noel Rosa (“Filosofia”). Já temos uma trilha sonora suficiente para um curta-metragem. E músicas muitas boas e contundentes com o tema do sensacionalismo, da banalidade da violência, da apatia com a vida, da existência humana!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Zé da Silva ((ON)) PURA WEB ZONE


A idéia do Zé da Silva vivo e morto já não é só nossa! A galera a partir de agora vai poder conferir de perto todos os passos dessa produção que está em curso! As preparações de elenco, a busca pelos artigos de arte, a localização do audio mais perfeito produzido até agora, as novas discussões de enquadramento, e um roteiro final perfeitamente pronto pras filmagens na proxima semana no Cine-Horto! A divulgação de todo universo do Zé você vai ver aqui e em algumas novas mídias on-line! Na Revista Pura desse mês a galera vai conferir o endereço para esse blog e a chamada do filme no ar do PURA WEB ZONE! Acessem http://www.revistapura.com.br/node/1444





A direção geral está a mil! E quero a galera acompanhando de perto essa produção que vai dar o que falar! Leila Verçosa criou uma bela história, o Zé da Silva vai encantar quando estiver finalizado! A turma que está na produção desse filme acredita na força da mensagem dessa trama e vai fazer todo o possivel pra realizar o melhor pro resultado final realmente surpreender.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Preparação de elenco

Ensaios acontecendo: Muita experimentação e risco!

Trechos do diário de bordo deste processo:
Ponderamos e discutimos muito sobre como fazer cinema no contexto teatral. Há uma grande preocupação, até mesmo por parte da equipe, com a teatralização das cenas que correspondem à passagem de Zé da Silva da vida para a morte. O teatro será proposto como estética, luz, maquiagem, música, etc, aproveitando das inúmeras possibilidades e recursos que ele pode dar. Trucagens cinematográficas e os bastidores poderão aparecer em algumas cenas, o que afirmará um pouco mais nosso “udigrudi”. Porém, acredito que a atuação deverá ser caricata, mas não teatral. Falei aos atores: Mais do que uma questão de energia em cena, o que devemos nos ater é para o fato de estarmos dialogando com a câmera e não com o público, mesmo nas cenas em que os personagens dialogam com a câmera. A idéia é (como nos filmes de Kusturica) que estes personagens sejam representados quase como arquétipos.

Outro ponto importante da conversa foi o fato de, ao ser criado o texto original fizemos (os autores) uma pesquisa sobre a morte. Vimos que existem as fases da morte: Negação, ira, tristeza e aceitação. Todo o texto, e conseqüentemente, o roteiro foram criados a partir dessa mola propulsora. Daí, acredito eu, que o ritmo das cenas do palco e atuação ideal dos atores serão muito respaldadas nesses quatro passos. Assim, tentaremos driblar o descompasso cênico e a linearidade e superficialidade das atuações, pois os personagens delimitarão suas trajetórias (principalmente, do Zé da Silva!)

Sganzerla, Meliér, David Linch, Kusturika, Lars Von Trier... Muitas referências se fazem presentes. Mas como? Estamos descobrindo, assumindo as trucagens, a não-linearidade, a quebra da continuidade, os bastidores, o teatro. Mas isso é difícil! Aí, Baco, onde fui me meter?

Como disse David Linch em sua passagem pela UFMG há quase 3 anos atrás: “Não deixe a idéia lhe escapar! Ela é como uma isca de peixe quando lançada à água; uma idéia chama várias outras. É importante não perder este foco!”

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Importancia do Desenho e Edição de Som.

Pois é galera, o som é um marco do cinema. Com o advento do som, muito susto e muita revolução nessa arte maravilhosa, foi causado. Chaplin por exemplo se recusou retratar seu
Carlitos em um filme com banda sonora. Este na verdade é a cara do filme mudo .
Do registro em rolo de fio metálico, passando pelo disco de vinyl, pelas bandas óticas, depois a magnética, e foi evoluindo , evoluindo, e temos hoje o tal do Dolby Surround 5.1 !! Eita nóis ! Mas aqui no Brasil , é um trem danado .
Tretou relou , e o som fica fica prá lá, sai de qualquer jeito. Mas como vivo disso, ou pelo menos tento, sou muito estrito e super exigente com isso. Pra mim tem que ser bom mesmo.

Estou postando aqui um exerto de uma cena que não vai ser usada , porque não valeu.
O vídeo é oriundo do meu video assist, que é em baixa resolução , apenas pra efeito de sync.

Recomendo o uso de bons alto falantes ou de um fone de ouvido para poder perceber todos os nuances do som editado.

Fase 1 : Audio captado na hora .
Percebam que está todo sujo, infelizmente o pessoal da equipe continuava conversando... (pô galera... se liga... ) , enfim, barulhos expúriuos, ventos e etc.



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Fase 2 : Primeiro Tratamento : Eliminação dos ruídos.

Embora o som captado esteja todo sujo, tem coisas nele que serão utilizadas, por exemplo, o som do trem que passou, os passos sobre as folhas secas do nosso herói, o tilintar dos braceletes de nossa atriz, outros ruídos que fazem parte da cena, mas o restante não queremos, que o caso do vento e todos os outros ruídos. Se estivesse chuvendo, e esta não pertencesse a cena esse ruído também deve ser eliminado . Assim como um fotógrafo entende e "enxerga" a luz do seu filme , o engenheiro de som "ouve" o som de outra forma . Pensamos no timbre, ataque, compressão, filtros, hertz e etc , e isso para nós é apenas uma grandeza elétrica e é tratada como tal .
Assim retirados os ruídos que não queremos , o som fica assim :



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Fase 3 : Segundo Tratamento : Composição do audio da Cena.

Ruídos indesejados eliminados fica só o que queremos. Embora limpo, perfeitinho, os sons que queremos, realçados, como o tilintar dos braceletes, o som do trem que passou, os passos sobre as folhas secas, precisamao agora de inserir o nosso heróis na cena. Como a cena é o ponto de vista dele, nesse caso seus passos tem que ser escutados em primeiro plano, pois é o principal na cena. Assim temos de produzir esses sons chamados de foley. Primeiro, ruídos de sapatos no cimento, depois ruídos de sapato no cascalho que aparece no chão.
Aí então fica assim :




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Fase 4 : Terceiro Tratamento : Composição do audio do ambiente.

Os sons que queremos já estão prontos. O nosso Herói inserido, falta o ambiente. Embora a cena seja num beco, tres quarteiroes da rua mais proxima, no filme isso se dá na rua, ainda que pouco movimentada , nas na rua , inserido no ambiente de uma cidade. Assim inseri carros passando ao fundo, um helicóptero passa lá longe, , um carro buzina alí perto, permeado pelo zum zumzum do mundo ! Ainda resolvi incrementar o som do trem. Assim a ambiencia fica assim :




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Fase 5 : Composição final - Dolby Stereo 2.1 :

Ruídos indesejados eliminados, personagem inserido, ambiencia inserida, fica então o som na sua composição final. Da mesma forma que na edição e feita toda uma complexa compsição da imagem, no tocante a pateta de cor, colorização, homogeinização, na hora da fotografia, compõe o quadro como ele imaginou sua estória, nós do som fazemos o mesmo. Agora som, ficou BUNITTO !!! ( o bunitto é meu, escrevo do jeito que quizer ... ).

Detalhe Essa cena de apenas 73 segundos demandou 7 horas de trabalho.



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Thats all folks !!! Depois falo mais . Tem uns bastidores, que depois coloco aqui. É porque o assunto agora era sério mesmo .

Inté !! Leiam, comentem, participem .